domingo, 23 de maio de 2010







Há poucos dias, estive inserido em uma conversa que depois de um tempo de discussões calorosas resultou na famosa frase “ mas a minha opinião é ...”.
Nada de incomum nisso, porque creio que quase toda discussão culmina nesse momento. Inclusive, eu também declamei: “Minha opinião é ....”
Logo após alguns dias ( sim, alguns dias, não foi de imediato, porque naquele momento eu só queria falar qual era o meu ponto de vista), eu percebi que todas as opiniões podem ser minhas.O universo te dá toda a potencialidade, pois você esta inserido em um mundo, onde tudo de certa forma também é seu. E por qual motivo eu vou querer uma só, que nem sei se é a mais adequada, se na verdade eu posso refletir em cima de tudo??
Pense bem, se for levado em consideração que em 2010 espera-se que o mundo tenha 7 bilhões de pessoas, com atitudes e opiniões diferentes, e for feita uma analise matemática bem simples, como por exemplo, o numero 1 ÷ 7000000000, chega-se a conclusão de que esse é o valor da opinião pessoal de cada pessoa. Minha calculadora nem consegue fazer essa conta, da um erro, diz q excede o limite., então, esse é o valor de uma opinião pessoal para o mundo, irrelevante.
E mesmo que outras pessoas compartilhem dessa visão, não melhora muito a matemática. Ainda assim, posso citar Krishnamurti, que falava que embora um milhar de homens concorde sobre um assunto, se eles não souberem nada sobre aquele assunto a sua opinião não tem valor.
Acredito que se você não estiver preso a nenhuma opinião de forma categórica, daquele jeito que nós conhecemos, sofrendo porque queremos que o outro de valor aquilo que produzimos, passa-se a explorar o todo ao invés do um. Desta forma, se recebe tudo o que o mundo oferece, o que te ajuda a te livrar do sofrimento, porque você entende também, que com 7 bilhões de pessoas nesse mundo, não da para somente as suas conveniências serem atendidas.
Acredito que o mundo seja uma mãe, mas somente quando você não se vê como um filho único.

Ígor Fonseca





... Sven andava na frente de jane, e jane na frente de harold.

Sven, sem se virar, um pouco ofegante, explicava a jane que os hindus não representavam o tempo sob a forma de um rio que corre, mas uma roda que gira.

O passado volta ao presente, passando pelo futuro.

Estes elefantes que estão lá hoje, estavam la ontem.

E a roda do tempo girando atingirá amanha, e ja os encontrará lá. Assim durante mil anos, desde mil anos.

Onde esta o começo ???





René Barjavél.

sábado, 8 de maio de 2010

Ética no Yoga




Para o Yogue, o comportamento mais ético que se pode alcançar, é seguir e respeitar o Dharma, uma tradição védica em que o ser humano entra em contato com o “caminho para a verdade superior”. O Hinduismo seria um rotulo ocidental para o que se entende por Dharma.
Se for pensando em dever, caminho, missão, ética, deus, Infinito, sagrado, eterno, se pensa em dharma. A busca por uma verdade, que não é uma verdade pessoal, ou até mesmo de um grupo, mas uma verdade absoluta que não pode ser objetivada.
Desta forma é necessária uma humildação conjunta para que esse caminho em direção a verdade absoluta, o Dharma, aconteça de fato, pois, depositar expectativas absolutas em um mundo que é relativo, é que leva ao sofrimento.
Por isso, a disciplina é importante para que esse caminho de conhecimento aconteça, para que se consiga encarar as dificuldades deste processo, já que o individuo que é tão suscetível as influencias e tão identificado com o ego precisa de uma direção.
Essa disciplina, dentro da tradição do Yoga, é exemplificada em um dos mais belos códigos de Ética já visto pela humanidade, os Yoga Sutras de Patandjali, que não pode ser considerado apenas um código de ética, mas um tratado filosófico, um estilo de vida.
Os textos védicos foram levados à Índia pelo povo ariano, e esses conhecimentos foram resgatados a cerca de 800 anos antes de cristo quando foram escritos os upanishads, que deram origem ao que chamamos de hinduismo e suas variações. Patandjali apenas relatou um conhecimento que já existia há muito tempo, através de um texto simbólico, em que a palavra é o símbolo, e que torna normal alguma incompatibilidade entre duas analises ou traduções.
Como o texto é simbólico, cada observador, comentarista ou estudioso deve buscar a sua própria percepção do que foi escrito. No Mahabharata é dito que se não buscarmos uma interpretação própria dos textos sagrados, não somos diferentes de uma colher, que transporta a sopa, mas nunca consegue experimentar o sabor. E isto torna peculiar o aspecto subjetivo da ética, onde a consciência moral se torna diferente por um outro sentido que se da a dever, a direito e a responsabilidade.
Deve-se aprender a lidar com os Yoga Sutras, pois sendo sua linguagem simbólica, a razão e a lógica não são suficientes para que se atinja seu real significado. Utilizar razão e logica simplesmente não atinge o que os indianos chamam de nível budico de entendimento, onde o dialogo é mais contemplativo, da mesma forma que o dialogo de platão, que diz que tudo existe antes no chamado mundo das idéias de forma arquetipica.
Todo esse código permite que o homem desenvolva uma solidariedade ao Dharma, ao todo, permitindo afinidades que vão modelando a personalidade dos indivíduos em mais de uma vida.
Dessa forma, a ética no Yoga se faz um pouco diferente, pois como o comportamento humano tem um caráter social, esse grupamento vai entender ética de acordo com os elementos dentro dessa cultura. Porém, de uma forma peculiarmente bonita, já que um dos objetivos do Yoga é um cuidado em relação ao outro, aonde independente de normas que virem leis, o cuidado e o respeito já estão implícitos.
Afinal, como yogue, eu reverencio em você a mesma divindade que habita em mim.



"respirar se transforma no mais democrático e participativo dos atos humanos, pois todo o ar que expiramos é o mesmo que as outras pessoas inspiram, para posteriormente inspirarmos o ar expirados por elas"



" você divide o mesmo ar com todos e não retem mais do que o necessário "

domingo, 2 de maio de 2010





" Precisas distinguir entre a verdade e a falsidade (...) Primeiro em pensamento; e isto não é fácil, pois há no mundo muitos pensamentos falsos, muitas superstições insensatas, e ninguem que tiver escravizado por eles poderá fazer progresso. Portanto, não deves acolher um pensamento simplesmente porque muitas outras pessoas o acolhem, nem porque se tenha acreditado nele por séculos, nem porque esteja escrito em algum livro que os homens julguem ser sagrado; tu tens de pensar sobre a questão por ti mesmo, e julgar por ti mesmo se ela é razoável. Lembra-te de que, embora um milhar de homens concorde sobre um assunto, se eles não souberem nada sobre aquele assunto a sua opinião não tem valor. Aquele que quiser trilhar a Senda tem que aprender a pensar por si mesmo, porque superstição é um dos maiores males do mundo, um dos grilhões dos quais, por ti próprio, deves te libertar completamente."



Jiddu Krishnamurti

"Quando eu era, Deus não era.

Agora que Deus é,

ja não sou"


kabir