domingo, 4 de setembro de 2011

Contentamento

Por Igor Fonseca

04/09/2011


O contentamento, que é um dos caminhos do praticante de yoga, não significa se tornar inerte ou permissivo em relação ao mundo. De nada tem a ver com vitimização, de aceitar uma condição miserável, sofrida, porque em algum momento isso “foi causado” a você. É entender que apesar do seu modo de conduzir tua vida e independente das vontades do seu ego, o mundo é o que ele tem que ser.

Vale sempre lembrar, que a estimativa é de que existem 7 bilhões de pessoas no mundo, e que não é necessária uma logica muito elaborada pra se entender que é mais fácil essas sete bilhões de pessoas se adequarem a um único planeta do que um único planeta atender a 7 bilhões de vontades pessoais, onde essas pessoas no fundo, nem sabem o que é que elas querem.

Desta forma, santocha – o contentamento, não significa que você tenha que desenvolver um otimismo bobo, cego, mas o fato de aceitar algumas coisas em uma postura mais positiva.

Algumas pessoas até conseguem tirar alguma vantagem do pessimismo, mas o que elas conseguem é apenas um consolo, mas não a felicidade. E não podemos nos contentar com menos do que a felicidade.

O grande questionamento é entender do que se trata felicidade, e saber busca-la no lugar certo. Da mesma forma que eu não consigo comprar livros em um açougue, não da pra comprar felicidade pela internet. Parece obvio dizer isso, mas no fundo não é não. Ainda achamos que carrinho de compras em mega store gera felicidade.

Pode ate existir uma felicidade momentânea no acumulo de coisas mundanas, mas basta alguém te olhar de cara feia que você entra num processo reativo e esquece a felicidade de desembalar uma tv de 42”.

Mas nesse equivoco coletivo de busca por felicidade, acho que a busca em cima de coisas materiais ainda é menos nociva do que o comportamento de achar que felicidade é quando as outras pessoas fazem exatamente aquilo que você gostaria que elas fizessem. Nisso entra o estereótipo de bom filho, o estereótipo de bom amigo, de namorado perfeito, de bom funcionário, de ser humano integro. Tudo isso baseado em normas éticas muito frágeis. E é só acontecer qualquer rompimento dentro desse padrão idealizado, que o estado de tranquilidade vem abaixo, junto com o discurso: “que absurdo! Olha como são as pessoas. O mundo vai ensinar a ele uma lição ( sempre acho engraçada essa parte em especifico, como se o mundo tivesse que punir quem age diferente do seu ideal), como que ele pode fazer isso???”. A resposta talvez seja: ele pode fazer isso porque a historinha dele e os estereótipos dele estão dentro de uma ilusão diferente da sua. Somos todos doidos e perdidos tentando achar felicidade sabe-se lá como.

Um bom exercício, neste momento, é parar por uns minutos e se perguntar o que te traria a felicidade, e mais algumas perguntas secundarias: Será que resolveria todos os seus problemas? Será que te levaria a uma felicidade eterna? Será que essas busca é a mesma de todas as outras pessoas? Quem tem aquilo que você deseja é feliz o tempo inteiro, full time?.

E por ultimo, a pergunta que pode te levar a milhares de outras e revirar seu estomago: Porque o que você ja tem não te faz feliz???????

Eu escolhi, acordar todos os dias, por mais que tenha muitos desejos, alguns mundanos e outros transcendentais, afirmar que ja sou feliz, e agradecer pelo que eu tenho.

Finalizo com um trecho do livro do professor Shimada, A Ioga do Mestre e do Aprendiz:

Não ter recursos hoje é uma situação temporária; uma hora temos, outra hora não temos. Não ter caráter é para sempre. Vocês têm de estar contentes, agradecer pelo o que têm agora, e tratar de melhorar. Se vocês não aceitarem e agradecerem o que for que tiverem neste momento, se o que vocês tiverem hoje não proporcionar nenhum contentamento, nem toda a fartura do mundo fará vocês felizes amanhã. Saber disso é ganhar um tesouro.



Nenhum comentário:

Postar um comentário