Waking Life

"Existem dois tipos de sofredores... aqueles que sofrem da falta de vida... e os que sofrem da abundância excessiva da vida. Eu sempre me posicionei na segunda categoria. Quando se pensa nisso, quase todo comportamento e atividade humana... são, essencialmente, nada diferentes do comportamento animal. As mais avançadas tecnologias e artefatos levam-nos, no máximo... ao nível do super-chimpanzé. Na verdade, o hiato entre Platão ou Nietzsche e o humano mediano... é maior do que o que há entre o chimpanzé e o humano mediano. O reino do verdadeiro espírito... o artista verdadeiro, o santo, o filósofo, é raramente alcançado. Por que tão poucos? Por que a História e a evolução não são histórias de progresso... mas uma interminável e fútil adição de zeros? Nenhum valor maior se desenvolveu. Ora, os gregos, há 3.000 anos, eram tão avançados quanto somos hoje. Quais são as barreiras que impedem as pessoas... de alcançarem, minimamente, o seu verdadeiro potencial? A resposta a isso pode ser encontrada em outra pergunta, que é... qual é a característica humana mais universal? O medo... ou a preguiça?"

Richard Linklater (trecho do filme waking Life)

Não podemos pedir Deus emprestado !!!

“Nós, ocidentais, estamos próximos da encruzilhada que os pensadores da índia já haviam alcançado cerca de sete séculos antes de cristo. Contudo, não podemos fazer uso das soluções indianas; devemos entrar nessa nova época à nossa maneira e resolver as questões com nossos próprios recursos porque, embora a verdade – o esplendor da realidade – seja universalmente uma e a mesma, ela é espelhada diversamente conforme os meios que a refletem. A verdade aparece de maneira diferente em cada época e em cada terra, de acordo com a idiossincrasia, com a matéria viva na qual se forjam seus próprios símbolos.”

“...os símbolos conduzem a mente a verdade, mas não são a verdade, daí ser enganoso adota-los. Cada civilização, cada época deve fecundar e conceber seus proiprios símbolos.”

“Não podemos pedir deus emprestado. Temos que efetivar sua nova encarnação a partir de nossas próprias entranhas. O divino deve, de algum modo, descer na matéria de nossa própria existência e participar nesse peculiar processo vital.”

Heinrich Robert Zimmer (Filosofias da India)

"os homens simplificam o mundo pela linguagem e pelo pensamento, e assim eles têm certezas; e ter certeza é a mais poderosa volupia neste mundo, muito mais poderosa que o dinheiro, o sexo e o poder reunidos. A renuncia a uma verdadeira inteligencia é o preço a pagar por ter certezas, e é sempre uma reserva invisivel no banco da nossa consciencia. A esse respeito, eu prefiro ainda os que não se cobrem do manto da razão e afirmam a ficção da sua crença. Ou seja, um crente em que a sua fé não seja nada além de crença e não uma presunção sobre a verdade das coisas reais"

Martin Page (Como me tornei estúpido)

ATHA YOGANUSASANAM "o Yoga começa agora" ....

Esse é o primeiro verso do Yoga sutra, e de extrema conveniência que seja o primeiro post do blog, justamente porque o objetivo é esse: falar sobre Yoga, não somente como sistema, método ou técnica, mas como também uma atitude positiva proveniente de qualquer cultura ou crença. Palavras que de alguma forma alimente o seu desejo por ser mumukshu, aquele que busca o conhecimento da sua verdadeira natureza.

Não digo que é a busca pela liberdade, porque concordo com o grande sábio Ramana maharish, quando ele diz que: ”Não existe libertação porque você nunca esteve preso. O que você precisa é se libertar da idéia de que você está preso e precisa ser libertado.“

E sendo assim, athayoganusasanam - Agora, o Yoga!!!

Esse "agora" pressupõe que alguma modificação tenha acontecido anteriormente na vida de quem ta buscando esse caminho, como por exemplo, o próprio ímpeto pela busca, e "agora", portanto, patanjali pode falar sobre esse sistema, pois o aluno esta pronto pra usufruir desse conhecimento.

Até porque o mestre não fala o que sabe, mas o que o discípulo esta preparado para ouvir. E para se ouvir patanjali, é necessário que se esteja preparado para uma ação, para desenvolver viveka, o discernimento entre o grosseiro e o sutil. O discípulo deve ter o exercício de viveka, para ter vairagya, o desapego ao grosseiro para caminhar para o sutil. O desenvolvimento desses dois conceitos te leva a uma mente tranqüila, e até a vontade por esse conhecimento. Algo te diz que esse caminho faz todo um sentido, por ser enxergada uma lógica, mas principalmente por uma questão de crença, chamada por esse corpo de conhecimento de Shraddha, termo normalmente traduzido como fé, mas sendo mais bem compreendido como convicção, pois não é uma fé cega, mas uma convicção de algo que você já experimentou.Quando se desenvolve essas características, se está pronto para esse conhecimento, e portanto, “agora, o Yoga”. Nesta consciência, se desenvolve um amor “búdico” ou “crístico” que é muito mais forte do que o amor que nós sentimos normalmente.

ATHA YOGANUSASANAM – a instrução completa para que se leve a vida em um estado de excelência.